Caros aqui está um assunto sobre o qual poucos se manifestam, sendo bastante importante para todos, não só para as mulheres, apesar de ainda no nosso meio social ser a mulher a mais afectada com estas circuntâncias.
Esta entrevista foi realizada a Carlos Oliveira Santos, 54 anos, tem o Course of Social Marketing in Public Health da University of South Florida e na sequência da entrevista esta parte em especial chamou-me a atenção:
Coloca bastante ênfase no preço de produtos e serviços, ainda que imateriais, na perspectiva de um acesso mobilizador por parte das pessoas destinatárias. Como é que se determina esse preço de bens imateriais?
Dou-lhe um exemplo. Em Portugal, a percentagem de mulheres que, em idade própria, não fazem prevenção de cancro de mama é muito alta. Cerca de 45 %, tanto quanto sei. Se criarmos acções que visem a redução significativa desse valor temos de entender a questão do preço, ou seja, o custo que é para uma mulher deslocar-se regularmente a um exame mesmo que gratuito. Na azáfama da vida, uma mulher que viva entre o trabalho e o tratamento dos filhos, por exemplo, tem um custo enorme quer material (faltar ao trabalho, deslocar-se, assegurar a guarda dos filhos) quer imaterial (decidir-se a ir, vencer o receio do resultado, deixar-se examinar, preocupar-se com o assunto). Se tivermos em conta estes custos, podemos criar factores de preço na perspectiva de um equilíbrio de custos que incentivem a participação e ultrapassem certos obstáculos. Podemos criar acordos com empresas que permitam a ausência do trabalho, para a realização desses ex! ames. Podemos criar unidades próprias, acolhedoras, em que a pessoa se sinta bem incentivada, com guarda dos filhos, com serviços como estacionamento gratuito em espaços próximos, podemos conceber serviços móveis… Enfim, através da pesquisa, uma correcta avaliação e gestão dos custos sociais que a mudança do comportamento implica para os envolvidos, traz melhores resultados na sua adopção.
Isto porque geralmente nós, não só as mulheres, delegamos os assuntos relativos à nossa saúde para último lugar, em prol dos filhos e do trabalho, certo?
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